Salmo 26 – Aquele que lava a mão na inocência
- Propósito com Deus
- 18 de set. de 2017
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Salmo 26 – Aquele que lava a mão na inocência
“1 JULGA-ME, SENHOR, pois tenho andado em minha sinceridade; tenho confiado também no SENHOR; não vacilarei. 2 Examina-me, SENHOR, e prova-me; esquadrinha os meus rins e o meu coração. 3 Porque a tua benignidade está diante dos meus olhos; e tenho andado na tua verdade. 4 Não me tenho assentado com homens vãos, nem converso com os homens dissimulados. 5 Tenho odiado a congregação de malfeitores; nem me ajunto com os ímpios. 6 Lavo as minhas mãos na inocência; e assim andarei, SENHOR, ao redor do teu altar. 7 Para publicar com voz de louvor e contar todas as tuas maravilhas. 8 SENHOR, eu tenho amado a habitação da tua casa e o lugar onde permanece a tua glória. 9 Não apanhes a minha alma com os pecadores, nem a minha vida com os homens sanguinolentos, 10 Em cujas mãos há malefício, e cuja mão direita está cheia de subornos. 11 Mas eu ando na minha sinceridade; livra-me e tem piedade de mim. 12 O meu pé está posto em caminho plano; nas congregações louvarei ao SENHOR” (Salmo 26:1-12).
Introdução
Outro Salmo do profeta Davi (1 Cr 25:1-3), portanto, se faz necessário interpretá-lo, considerando que, pelo espírito, o rei e salmista Davi não falava acerca de si mesmo, mas do seu Filho, o Messias.
“Sendo, pois, ele (Davi) profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que, do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono. Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.” (At 2:30-31)
Da mesma forma que o Salmo 16 refere-se a Cristo, uma profecia de Davi acerca da ressureição do Cristo, o Salmo 26 apresenta mais algumas características do Messias de Israel.
“Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido; Por isso, se alegrou o meu coração e a minha língua exultou; E ainda a minha carne há de repousar em esperança; Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção; Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida; Com a tua face me encherás de júbilo.” (At 2:25-28; Sl 16:8-11)
“1 JULGA-ME, SENHOR, pois tenho andado em minha sinceridade; tenho confiado, também, no SENHOR; não vacilarei. 2 Examina-me, SENHOR, e prova-me; esquadrinha os meus rins e o meu coração. 3 Porque a tua benignidade está diante dos meus olhos; e tenho andado na tua verdade.”
Qualquer homem, inclusive o salmista Davi, quando se apresenta diante de Deus, assim o faz confiado na misericórdia, não em sua própria integridade e retidão.
“Então disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; porém, caiamos nas mãos do SENHOR, porque muitas são as suas misericórdias; mas, nas mãos dos homens, não caia eu.” (2 Sm 24:14)
Observe a oração do profeta Daniel:
"Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face, fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias." (Dn 9:18).
A oração contida no Salmo 26 não pertence ao salmista Davi, pois não tem por base a misericórdia de Deus, antes, tem por base a integridade de quem roga. Por ter sido formado em iniquidade e concebido em pecado (escravo do pecado), sem falar nas falhas de caráter (tropeços diários), jamais o rei Davi poderia fazer essa oração.
A única pessoa que andou sobre a terra e podia fazer essa oração, confiado em sua integridade, diz do Filho de Deus encarnado, por conseguinte, do Filho de Davi, segundo a carne (2 Sm 7:14). Essa mesma oração repete-se pelos Salmos, por serem profecias acerca do Cristo.
"O SENHOR julgará os povos; julga-me, SENHOR, conforme a minha justiça e conforme a integridade que há em mim" (Sl 7:8).
"Provaste o meu coração; visitaste-me de noite; examinaste-me e nada achaste; propus que a minha boca não transgredirá" (Sl 17:3).
A certeza do Cristo, acerca da sua integridade, é tamanha que, em alguns Salmos, Ele faz algumas imprecações de infortúnios que poderiam alcançá-lo, caso não fosse justo e íntegro:
“SENHOR meu Deus, se eu fiz isto, se há perversidade nas minhas mãos, se paguei com o mal àquele que tinha paz comigo (antes, livrei ao que me oprimia sem causa),persiga o inimigo a minha alma e alcance-a; calque aos pés a minha vida sobre a terra e reduza a pó a minha glória. (Selá.)” (Sl 7:3-5).
O Cristo se apresenta para ser examinado e provado por Deus, refugiado em sua própria integridade. A oração é um rogo a Deus, que sonde os seus pensamentos (rins) e vontade (coração) e O prove (Pv 23:16; Sl 16:7; Lv 8:13; 1Pe 1:13), pois Ele tem certeza da sua inocência (v. 6).
Cristo tinha diante dos seus olhos a bondade (amor, mandamentos) de Deus e a sua comida era fazer a vontade de Deus (caminhava na verdade).
"Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra." (Jo 4:34);
"Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor." (Jo 15:10).
4 Não me tenho assentado com homens vãos, nem converso com os homens dissimulados. 5 Tenho odiado a congregação de malfeitores; nem me ajunto com os ímpios.
Através da descrição que o Cristo faz da sua conduta, podemos classificá-Lo como o homem bem-aventurado, conforme o Salmo 1! Como os olhos de Cristo estão fitos no amor de Deus (v. 3), certo é que o seu prazer (comida) é na lei do Senhor e nela medita de dia e de noite (Sl 1:2).
Apesar de Cristo se assentar para comer na companhia de pecadores (publicanos e prostitutas), nunca se assentou (teve comunhão) com os homens vãos (escribas, fariseus, saduceus, príncipes, etc.), ou seja, nunca comungou das suas doutrinas.
Quando o Salmo diz: não me assento com homens ímpios, significa que o Cristo não teria comunhão com o que eles ensinavam. Cristo não se associou aos mentirosos, ou seja, aos trapaceiros ou, dissimulados. Ele odeia o ajuntamento de malfeitores, ou seja, dos ímpios.
